quarta-feira, 25 de agosto de 2010

carpe diem

Quanto mais estudo, mais cresço, mais percebo quem sou eu. Sou apenas uma criança, uma criança com medo. Apenas uma criança assustada com o mundo à sua volta. Tudo novo, tão novo e tão cruel…



Como criança, custumo sonhar. Sonho com tanta coisa que, às vezes, nem mesmo eu faço idéia do que seja. Sonho que estou brincando, correndo, cheio de amigos à minha volta, e todos eles gostam muito de mim. Eles não se importam com meus defeitos e falhas, apenas se satisfazem em correr e brincar comigo, como iguais.



Como num sonho, quando me canso, tenho o aconchego dos braços de minha mãe para descansar, e a fortaleza do meu pai para os conselhos sempre necessários. Mamãe, porém, some fácil… não mais a vejo… onde andará???



O mais legal é que, nestes sonhos, não tenho só os amigos que tanto amo (alguns que conheço muito bem, outros que nem sei quem são), mas também todos os personagens da ficção que tanto gosto, que fazem parte de mim. Eles vem de desenhos e quadrinhos, de filmes e de livros, da TV e do cinema… juntam-se todos a brincar, à correr e à pular no grund de meu coração, tal qual Nemecsek, o loirinho…



O lugar é fantástico! Nunca vi coisa igual… de um simples parquinho pode se transformar em pântano ou em selva, em escola ou em mar, no que se imaginar… no topo da montanha alta ou na tempestade mais bravia… na calmaria do jardim secreto cheio de luz aos pés de Athena e seus nobres cavaleiros… nas paragens do Condado ou dentro do guarda roupa de Aslam.



A trilha sonora é emocionante. Todas as músicas que amei tem seu lugar e sua hora, e muitas que nem conheci também tocam por alí. Aquecem meu coração e fazem-no encher de alegria… ou de tristeza.



Mas, no fundo, tenho medo. Não consigo me libertar desse sonho, mesmo nas horas mais felizes, mais tranquilas. Afinal, se sou criança, como entender tudo o mais? Como saber, como fazer???



Tudo é tão difícil quando se brinca de adulto. Quando se toma para si tantas responsabilidades, tantas necessidades… amar se torna secundário pelo dinheiro… preocupar-se com o amanhã é matéria diária.



O que eu quero é liberdade! Quero sonhar com o que eu quiser, com tudo e com o agora. Quero ter ela ao meu lado, como criança também, porque não??? Quero duvidar das coisas à minha maneira, caminhar com Deus lado à lado, de mãos dadas, perguntando irritantemente um monte de porquês… Pai, porquê o passarinho voa? Porquê a gente morre? Porquê A Gente morre? Porquê, Papai, porquê???



Queria sonhar pra sempre… Não ter decepções. Não precisar lutar ferozmente à cada dia. Ter alegria eterna, felicidade sem fim. Queria tê-la ao meu lado, correr com ela, brincar com ela, contar-lhe meus segredos e minhas aventuras, fazê-la saber que a amo e abraçá-la ao pé da árvore no verão gostoso de brisa doce. Queria fazer tanta coisa, coisa de criança, inocente, queria ser inocente. Queria ser perdoado. Queria ser limpo.



Queria ser criança de novo. Pra sempre. Queria chorar só quando me machuco, um machucadinho besta que sara rápido. Não queria mais chorar de saudade. Não queria mais chorar de remorso. Não queria mais chorar de medo. Não queria mais chorar pela falta de nada, nem de ninguém.



Queria só ser criança. Queria só ser eu mesmo. Queria não mais ser eu.

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